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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O retorno da lua negra - parte III

Ponto de tensão

Christiam orando
Ilustração de Carina
 Enquanto os exércitos se recuperavam do surto de riso e os anões chacinavam a todos sem distinção, Briam Grayhawk, paladino de Alban, cavalgou em disparada aproximando-se de N`Gar Sember e atracou-se com ele numa luta ferrenha. Enquanto isso no topo do monte do Grande anão, a meio-elfa arqueira Cibelle, apontava seu arco e buscava com toda a precisão mirar na abertura do elmo do guerreiro-clérigo enlouquecido. Entre seus companheiros, o guerreiro Gehard lutava para evitar que qualquer inimigo tirasse a concentração da arqueira e os magos Richard e Garth lançavam magias para desorientar e assustar as bestas de guerra do exército de N`Gar. Essas bestas assustadas tropeçavam e caiam umas por cima das outras soterrando soldados próximos e, a confusão foi útil, pois, retardou o avanço de uma parcela do exército inimigo. Cibelle disparou a flecha e, como acontece nesses momentos de grande tensão, a danada partiu em câmera lenta... durante aquele momento, que sempre parece durar uma eternidade, ela seguiu por entre espadas que eram brandidas, deixando se ser atingida por golpes fortuitos por vezes até finalmente atingir o alvo almejado, ao mesmo tempo em que Briam desferia um golpe certeiro com sua vingadora sagrada na única abertura que encontrou naquela armadura vazia. 
 A armadura tombou ao chão desmontando-se em partes soltas, e de entre suas placas saiu uma nuvem de fumaça verde que pareceu-se com um rosto um momento antes do vento dispersá-la. 
 A batalha agora seguia descontrolada, sem seu líder, os orcs e goblins não tinham porquê lutar, mas os anões não davam brecha para rendição em sua fúria. 
 Não se sabe porquê o mago-ladino Christiam, ajoelhou-se aos pés do monte do grande anão e, ignorando a batalha, orou pelo retorno de Ingrillunatti.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O retorno da lua negra - parte II

                                                                       A fúria dos anões

 Talvez seis mil guerreiros sejam uma força grande demais para se controlar, talvez, diante da certeza da morte, mil e novecentos guerreiros tenham avançado impensadamente. Ninguém, porém, lembra-se como começou, num momento a tensão crescia no ar, no outro a batalha rugia com ferocidade. Homens e elfos, mesclavam-se com feras e goblinóides numa dança de golpes frenéticos e descoordenados!
 No alto do monte do grande anão os heróis sabiam que não tinham mais tempo para decidir, precisavam agir agora! Pegaram suas armas de ataque a distância e começara a tentar alvejar alvos importantes, ou seja, os capitães do exército de N`Gar Sember. O próprio N`Gar porém, estava longe demais. Os conjuradores do grupo começaram a puxar da memória algum feitiço que pudesse fazer alguma diferença. Repentinamente um mago ladino, conhecido apenas como Christian, lançou uma magia de ilusão, numa tentativa de paralisar o combate, e quiçá, conseguir espaço para que os companheiros tivessem uma boa linha de tiro. A magia, que pretendia conjurar, a imagem de um dragão gigantesco e ameaçador bem no meio do campo de batalha, falhou, e ao invés disso surgiu a figura de um anão, com pouco mais de quinze metros de altura, , e quê, freneticamente girava, pelo pescoço, em cada uma das mãos, a título de armas, dois frangos depenados de tamanho descomunal!!! 

Ananias  em  fúria
desenho de Karina Stankunas
 A manobra surtiu o efeito esperado, a guerra que então corria parou, e cada um dos soldados dos dois exércitos, após um instante de silêncio estarrecedor, pôs-se a rir descontroladamente. A batalha do riso seguiu por quase três minutos, e há quem diga que ouviu um som rouco e gutural vindo da armadura vazia de N`Gar Sember! 
 Os heróis, porém, perderam a chance de atingir o líder maligno, pois estavam rindo também, mas foram retirados deste estado hilário, quando gritando e arrancando as barbas, Ananias, o anão do grupo, ergueu seu machado, e furioso, entrou na batalha para nunca mais ser visto.
 O riso terminou quando o exército de dois mil anões, que chegava do norte, vendo a afronta ilusória aos brios de sua raça, entrou em fúria coletiva e atacou todos que estavam rindo no campo de batalha. Diante de tal fúria, todos estavam em perigo, e por um momento, não se sabia quem eram os verdadeiros inimigos! 
 Os heróis, no entanto, viram os anões chegando muito antes dos demais e puderam arriscar um último e desesperado plano!  

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O retorno da lua negra - parte I

Ingrillunatti entre as estrelas
Desenho de Karina Stankunas
 Vagando entre as estrelas, perdida, sozinha... três mil anos a separam de seu lugar, sua função, sua família... Até uma deusa pode sofrer. Triste, Ingrillunatti só quer voltar, e por um momento, só por um momento, parece ter sentido um chamado...

Entre os mortais, na superfície de Giante, a guerra se avizinha, mais terrível do que nunca!  Mensageiros correm a cavalo em direção às nações amigas, enquanto na grande capital, Kytonis, a confusão é generalizada, pessoas fugindo e se escondendo, enquanto arautos proclamam à todos em condições de lutar que se juntem ao exército. 

 Há 5 quilômetros dali um grupo de heróis luta contra adversários inesperados, tentando desesperadamente livrar-se deles para poder continuar em sua jornada, imaginando se haverá algum meio de uns poucos bravos deterem, por instantes que seja, um exército inteiro. Quando os heróis finalmente chegam ao topo do monte do grande anão, que recebeu esse nome após essa batalha, viram exatamente o que mais temiam... N`Gar Sember encabeçava seu exército e aguardava os humanos que já despontavam no horizonte! A desproporção entre os dois exércitos era absurda! Os humanos contavam com pouco mais de mil e duzentos homens, e mais ou menos 500 deles eram camponeses com foices e forcados, mas quando os humanos estavam a cerca de mil metros de distância, um grupo de 700 elfos, vindos da floresta do coração, à oeste, uniu-se a eles. Pelo menos um dos mensageiros havia chegado a tempo! 
 N`Gar Sember deveria estar muito seguro de si, pois, aguardou impassível enquanto humanos e elfos se organizavam. No alto do monte do grande anão, os heróis sofriam com a sensação de impotência perante a inevitável batalha! Todas as suas idéias pareciam tolas e banais.  O tempo se arrastava, e a tensão se acumulava no ar, tal qual a corda do alaúde antes da nota final. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Consequencias da expulsão - parte final

           N'Gar Sember e as almas perdidas do mundo                                       

Aparição nas imediações de Kytonis
desenho de Karina Stankunas
 Para onde vão as almas dos mortos? Voltarão para a fonte da vida? Cessarão de existir? Haverá um lugar para o descanso eterno? Ou simplesmente ficam vagando entre os vivos sem nunca poder interagir com eles? 
 Chegou um momento em que as pessoas começaram a ver os fantasmas. Os relatos falavam de criaturas de brumas ou luz, às vezes de sombras contra as chamas, mas, qualquer que fosse a forma da aparição, sempre concordavam em seus semblantes tristonhos e aparência de estarem perdidos. Claro que isto teria passado por mais um detalhe da vida, não fosse o fato de que a alma de N`Gar Sember não pôde descansar. Atraído pelos cultos voltados à Ingrillunatti, que se ergueram entre as sombras da coroa de Kyton, N`Gar Sember voltou dos mortos na forma de uma armadura negra com brilhos verdes doentios como olhos. O Guerreiro-Clérigo passara dois mil e quinhentos anos vagando entre os espectros dos mortos se perguntando porque teria sido abandonado por sua deusa; Além disso, jamais se esqueceu daqueles que o mataram em seu momento de glória. Não é de se espantar que tenha passado 500 anos preparando seus planos, forjando armas e armaduras e, firmando alianças entre as raças mais vis do mundo. Ao se dirigir para Kytonis, capital de Kyton, seu exército contava 6000 cabeças, entre guerreiros, arqueiros, mestres de bestas, funguídeos e até alguns Gigantes. 
 Aldeões e viajantes, fugindo da fúria do guerreiro louco, chegavam a capital trazendo as notícias. Coincidência ou não, um grupo de "heróis" estava para ser julgado pelo rei Richard Dayfull, pelo crime de investigar a magia e incentivar a luta armada. O rei, então, sensatamente, ofereceu o perdão aos heróis se eles, ao menos, segurassem o exército de N`Gar Sember por tempo suficiente, para que seus mensageiros chegassem aos reinos élfico e enânico pedindo por ajuda. Ao mesmo tempo, o rei organizaria e enviaria um exército para auxiliar na batalha. 
 Assim começam as lendas!